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Demolição do Prédio da Une – Praia do Flamengo 132 em 1980. Foto: Arquivo Nacional

Portfólio
"Eles destruíram o prédio, quebraram tudo! Tudo! Eles jogavam piano, violoncelo, no meio da rua… E o mais estranho, não tinha repórter! Eu fiquei ali mais de uma hora e meia na porta, não foi um jornalista, uma emissora, uma pessoa de rádio, eu não sei se na época era mais assim... As coisas não tinham internet, então as coisas eram mais demoradas da pessoa saber que tá acontecendo uma merda...Então eu fiquei lá, todo mundo saiu de ambulância, fomos embora, não deixaram entrar pra pegar material. E a partir daquela tristeza, porque pra mim foi uma perda de um filho, eu amava a minha faculdade, como amo até hoje. Eles quebraram a faculdade inteira."

Relato de Mary Habib coletado em outubro de 2021 por Vanessa Dias.



Apresentação 


Quando não acertamos as contas com o nosso passado, este sempre poderá voltar, chacoalhar nossas estruturas (materiais e imateriais) e se transformar em uma ferida que não fecha, a sangrar ao longo dos anos. Pense no seu lugar de formação educacional, na sua esfera que conecta colegas, professores e funcionários em um mesmo espaço. Um local destinado às trocas, mais que isso: a formar pessoas. Agora pense que subitamente você não terá mais acesso a ele. Nunca mais. Suas coisas, seus pertences, abandonados no calor de uma invasão sem propósito, eternizam-se para sempre na memória.  Outros estão aqui, nesses Objetos Capturados, sobreviventes de um momento ainda não estancado e que estão reunidos pela primeira vez para relembrar histórias vividas pelos seus donos. E é tão lindo e importante ver esses objetos abrindo vozes, resgatando narrativas que reaquecem uma discussão histórica sobre um ato de absurda agressão já nos estertores da ditadura militar. A garimpagem destes objetos, realizada pela artista Vanessa Dias, sob minha coordenação, é o início de um grande projeto que se articula com outros sobre o mesmo episódio e que acendem nossos olhares para que preservemos a nossa instituição – a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) – com o devido zelo e responsabilidade democrática. 
Capturados pelo Teatro de Objetos Documentais, esta exposição virtual é fruto de um longo caminho que eu e minha estimada aluna Vanessa seguimos trilhando há mais de um ano. Um momento único, de muitas descobertas, encantamentos e novas perspectivas artísticas que se abriram para nós. Convidamos agora a deixarem-se levar pelos objetos.

   Miguel Vellinho




     O que é o projeto?


Este projeto foi contemplado pelo Edital de Iniciação Artística de 2021, promovido pelo Programa de Iniciação Artística e Cultural (PIBCUL) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO). A exposição foi idealizada conjuntamente pelo coordenador do projeto o Prof. Dr. Miguel Vellinho Vieira e pela bolsista em Teatro Vanessa Dias. O projeto pretende resgatar e valorizar a cultura local que permeou o curso de Teatro da UNIRIO, em 1980, quando a universidade ainda tinha sua sede no prédio da UNE - União Nacional dos Estudantes, na praia do Flamengo, 132, Rio de Janeiro, sendo demolido posteriormente pela ditadura militar. Inspirados nas recentes pesquisas do Teatro de Objetos Documentais, uma nova linguagem ainda pouco difundida no Brasil, promovemos a criação de uma exposição virtual de objetos capturados na antiga sede da UNIRIO no período da demolição do prédio. Assim, o projeto tem o intuito de, através dos objetos capturados, destacar a importância da antiga sede do curso de Teatro e que possui ainda hoje poucos registros oficializados. O Teatro de Objetos Documentais é uma vertente do Teatro de Formas Animadas, concebida pela mexicana Shaday Larios em meados de 2000, abrindo inúmeras possibilidades de investigação cênica no panorama do Teatro Contemporâneo, ao se relacionar fundamentalmente com a noção de Cultura Material. Com isso procuramos promover uma reflexão em torno da memória material agregada aos objetos que faziam parte do cotidiano dos alunos da UNIRIO na década de 1980, alguns desses estudantes que hoje fazem parte do colegiado da universidade como os professores doutores Elza de Andrade, José Dias, Jane Celeste, dentre outros. A pesquisa tem o objetivo de contribuir com um papel social comunitário, ao criar um memorial virtual de fotografias de objetos e relatos, contextualizá-los, inventariá-los, preservá-los e promover uma comunicação de fontes documentais. O projeto é multidisciplinar, vai ao encontro dos estudos de coleta de acervo e a investigação dos desdobramentos acerca das possibilidades teatrais frente ao desafio de conectar com o campo digital. Os objetos apresentados aqui contemplam uma primeira etapa da pesquisa iniciada entre os meses de agosto à dezembro de 2021. Futuramente, este site abrigará outros objetos recolhidos, já catalogados e que compõem uma reserva técnica criada paralelamente a esta primeira exposição virtual.

Miguel Vellinho e Vanessa Dias

Design visual de Vanessa Dias

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